Desisti do meu post gigantesco e
nunca terminado para esse blog e resolvi postar pouco a pouco os mistérios e
descobertas que enfrentei com a maternidade. Até porque se eu publicar tudo num
único post, corro o risco de esgotar o assunto deste blog...
Entre tantos assuntos
interessantes, acabei escolhendo o medo como o primeiro post monotemático deste
espaço. Isso porque foi esse sentimento que sempre surgiu em minhas respostas e
explicações logo depois que o Matheus nasceu, quando me perguntavam se eu havia
mudado com a maternidade ou o que eu estava achando dessa experiência.
Infelizmente, por melhor que seja
a experiência de ter filhos, o medo acaba permeando tudo desde o momento da
concepção, para aqueles que planejam ter filhos, ou desde o momento em que a
pessoa se descobre grávida.
Dali pra frente, por mais
desencanada que sejamos, bate aquele medinho ou a suave e famosa insegurança,
de que alguma coisa dê errado durante a gravidez, que o bebê não se desenvolva
adequadamente (e aí, sempre vamos achar que a culpa foi nossa, que não nos
cuidamos direito, etc...). A cada exame, principalmente naqueles morfológicos,
descobrimos que mil e uma novas coisas podem dar errado no desenvolvimento do
bebê, coisas que sequer poderíamos imaginar que fossem possíveis. E daí pra
frente, o medo só aumenta...
Nem preciso falar sobre o medo do
parto. Se normal, cesárea ou natural/humanizado, acho difícil não ter medo de
alguma coisa também dar errado. E o medo de ser mãe, de dar conta e conseguir
equilibrar tudo também dispensa maiores comentários por enquanto.
Depois que o bebê nasce, os medos
são ainda maiores. Sim, temos medo de machucá-lo ao trocar a roupa, medo do
leite não ser suficiente para alimentá-lo, medo dele ter fome, medo de dormir
pouco, de dormir demais, de não ouvirmos quando acordar à noite, de engasgar,
de esquecer ele no carro, de ficar sozinha com ele, enfim, absolutamente tudo é
motivo de diferentes estágios do medo, atingindo até os extremos pânico ou
“paúra”.
O cansaço nos faz ter ainda mais
medo ainda... Pessoalmente, bem no começo, naquelas noites difíceis, batia um
cansaço tão extremo durante o dia que o que eu mais temia era trocar ele no
trocador, virar pra jogar a fralda fora, a roupa pra lavar, e esquecer o bebê
ali, em cima da cômoda, podendo cair de uma grande altura. Olhando de fora,
isso pode parecer exagero, mas quantas histórias de crianças que caíram do
berço ou da cama não ouvimos por aí? Agora mesmo, que ele não cabe mais no
trocador, quando comecei a trocá-lo no berço, com a grade abaixada, voltei a
ter medo (mesmo sem o cansaço extremo, mas sem dúvida cansada) de virar as
costas e esquecê-lo no berço sem grade. Já voltei correndo pra confirmar se
tinha levantado ou não a famigerada...
Mas de todos os medos pequenos,
médios e grandes, corriqueiros ou eventuais, o que mais me chamou a atenção,
desde o comecinho (sem exagero, desde que quando saímos da maternidade...), foi
a insegurança relacionada à violência, de sofrer um assalto com ele junto ou
sem ele por perto e qualquer outro crime violento que minha mente distorcida (e
um pouco perturbada) poderia imaginar.
Foi isso que respondi quando me
perguntaram se algo havia mudado com a maternidade. Disse que fiquei muito mais
cagona. Com essas palavras. Que me
bate um medo absurdo dessa sociedade enlouquecida em que vivemos.
Matheus não devia ter nem um mês
quando meu marido foi buscar a mãe dele no aeroporto de Guarulhos de madrugada,
levar para Embu e voltar pra casa. Acho que nunca tive tanto medo como naquela
noite. Por mim, ele dormiria em Embu e iria trabalhar no outro dia de lá, pra
correr menos risco, mas o bicho é teimoso e quis voltar pra casa. Eu só pensava
em tudo de ruim que podia acontecer – e rezava para que não acontecesse –
acidente, assalto, sequestro, enfim, uma lista interminável.
Graças a Deus, nada aconteceu e
ele chegou são e salvo em casa por volta das 02 da manhã. Nesse dia, eu percebi
que o medo não podia dominar meus pensamentos, mas que ele estaria sempre mais
amplificado aqui comigo: medo pelo que pode acontecer comigo, com meu marido e
com meu filho.
Com isso, fico triste de viver
num país tão inseguro. Claro que coisas ruins acontecem em qualquer lugar do
mundo, mas a sensação de insegurança que temos no Brasil (e praticamente em
qualquer lugar do território nacional...) faz com que isso seja ainda pior. E
ter um filho a aumenta mais ainda!
Eu me perguntava quantas vezes
meu marido fez o caminho Embu-SP enquanto namorávamos (e ainda antes!) e que eu
não entrei em pânico. Sim, eu o fazia me ligar quando chegasse em casa e o
fazia dormir por lá pra não voltar muito de madrugada, mas o sentimento nem se
compara com a preocupação de acontecer alguma coisa ruim com o “pai do seu
filho”.
Com o bebê, o medo também é
intenso. Quando saímos, tento não descuidar sequer um segundo. É tanta história
de criança desaparecida, tanta gente louca que rouba criança e tanto maluco
pedófilo, que é praticamente impossível estar tranquila e confiar nas pessoas.
Claro que isso (ainda) não me faz
neurótica (e espero que não faça...). Não evito que meu filho tenha contato com
as pessoas, nem que elas brinquem ou toquem nele. Sempre brinco com ele para
que ele dê um sorriso e seja “simpático” com as pessoas. Acho importante que
ele cresça confiando (com parcimônia, claro!) nas pessoas. Precisa tomar
cuidado, saber que há riscos, mas isso não pode transformá-lo numa criança
antissocial e nem me transformar numa pessoa paranoica, com pânico de contato
social.
Mas esse é um exercício que tenho
que fazer constantemente... Imagina, então, quando meu filhote for adolescente
e sair por ai tarde da noite?! Melhor nem pensar nisso ainda. Vamos deixar cada
sofrimento para o seu momento... ;o)